quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Me visto de lua quando quero
teus olhos pousados em mim.
Danço nua na poesia e faço amor
em versos livres.
Disfarço as evidências que mostram
o caminho de saída,
e cada vez mais mergulho nas
águas doces da paixão.
Perco-me de mim só para te encontrar
num ponto infinito do amor.
E nas reticências, leio o que não me disse,
mas que o ar absorveu
e enrubesceu de tanto ardor...
Sou apenas uma brisa,vento calmo de um amor
que aprende a cada dia a te beijar na poesia..."

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

CONFISSÃO DE AMOR



CONFISSÃO DE AMOR

Eu disse à lua
que te amava
e ela escondeu-se
entre as nuvens,
tomada de infinita tristeza.

Eu disse ao mar
que te amava.
e ´para meu espanto
contorceu-se
em dores intimas,
vomitando sargaços
nas desertas praias.

Eu disse à noite que te amava
e a noite que era clara
vestiu seu manto de trevas
para a alegria dos fantasmas,
recordando contritos
do amor na outra vida.

Eu disse ao sol que te amava,
nesse tempo, pobres lavradores,
perderam-se os trigais,
tanto irou-se o sol
com minhas palavras.

Eu disse à fonte
que te amava,
era manhã clara como a vida,
e a fonte limitou-se
a cantar baixinho
a canção mais linda,
para dizer-me
que também te amava.

"SAUDADES QUE NEM SEI"



Saudade que nem sei

Sinto uma saudade enorme de você,
De um jeito que eu não queria sentir.
Sinto falta de cada minuto, cada pedaço
De vida que você viveu sem mim.
Sinto saudade do que não tive, do que
Nunca fiz, do que não vi,
Não ri e não vivi com você.

Vejo tuas fotos antigas
Como se fossem minhas velhas amigas.
Mas eu não estava lá.
Nem em sonho, nem em pensamento,
Nem no seu coração.
Páginas que só conheci a reedição.

Onde é que isso vai parar,
Como é que as coisas vão ficar?
É engraçado que a força com que
Você preenche a minha vida
É a mesma que da sua tenta me expulsar.


"DOR DA SAUDADE"




" A DOR DA SAUDADE"

Só quem conhece a saudade
Conhece o meu sofrimento!
No amargor da soledade,
Eu fico a todo momento
Olhando com olhar triste
O caminho que seguiste.
.
E penso: aquele que nao mais me ama
Vagueia distante agora!...
E estranha candente chama
.
As entranhas me devora,
Só quem conhece a saudade
Conhece a minha ansiedade.

"LÁGRIMAS OCULTAS"


Lágrimas Ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era q'rida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das Primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

"CORAÇÃO DOENTE"





Anseios


Meu doido coração aonde vais,
No teu imenso anseio de Amor?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração olha que cais!

Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce inquietação da lealdade?
Teus Lindos desejos irreais,
Não valem o prazer duma saudade!

Tu chamas ao meu seio, negra prisão!
Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbres o brilho do luar!...
as vezes até o luar é irreal...

Não estendas tuas asas para o longe..
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da tua cela,a soluçar...

"PÉTELAS DE ROSAS"

" PÉTALAS DE ROSAS"


Todas as prendas que me deste, um dia,
Guardei-as, meu encanto, quase a medo,
E quando a noite espreita o pôr-do-sol,
Eu vou falar com elas em segredo ...

E falo-lhes dos amores e de ilusões,
Choro e rio com elas, mansamente...
Pouco a pouco o perfume do outrora
Flutua em volta delas, docemente ...

Pelo copinho de cristal e prata
Bebo uma saudade estranha e vaga,
Uma saudade imensa e infinita
Que, triste, me deslumbra e me embriaga

O espelho de prata cinzelada,
A doce oferta que eu amava tanto,
Que refletia outrora tantos risos,
E agora reflete apenas pranto,

E o colar de pedras preciosas,
De lágrimas e estrelas constelado,
Resumem em seus brilhos o que tenho
De vago e de feliz no meu passado...

Mas de todas as prendas, a mais rara,
Aquela que mals fala à fantasia,
São as folhas daquela rosa branca
Que a meus pés desfolhaste, aquele dia...

VAIDADE



Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade !

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo ! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade !
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita !

Sonho que sou Alguém cá neste mundo ...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada !

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho ... E não sou nada! ...

SILÊNCIO

"SILÊNCIO"


Noite alta, noite escura, noite morta,
Sou o vento que geme e quer entrar,
Sou o vento que vai bater-te à porta...

Vivo longe de ti, mas que me importa?
Se eu já não vivo em mim! Ando a vaguear
Em roda à tua casa, a procurar
Beber-te a voz, apaixonada, absorta!

Estou junto de ti, e não me vês...
Quantas vezes no livro que tu lês
Meu olhar se pousou e se perdeu!

Trago-te como um filho nos meus braços!
E na tua casa... Escuta!... Uns leves passos...
Silêncio, meu Amor!... Abre! Sou eu!...

"AMIGA"




"AMIGA"


Deixa-me ser a tua amiga, Amor, A tua amiga só, já que não queres Que pelo teu amor seja a melhor A mais triste de todas as mulheres. Que só, de ti, me venha magoa e dor O que me importa a mim? O que quiseres É sempre um sonho bom! Seja o que for, Bendito sejas tu por mo dizeres! Beijá-me as mãos, Amor, devagarinho... Como se os dois nascessemos irmãos, Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho... Beija-mas bem!... Que fantasia louca Guardar assim, fechados, nestas mãos, Os beijos que sonhei pra minha boca!... ..